quarta-feira, novembro 26, 2008

Robert Trujillo Fala Sobre Sua Participação No Death Magnetic

Notícia do site Whiplash: Robert Trujillo concedeu entrevista a Keith Spera do The Times Picayune sobre o som do álbum Death Magnetic do qual participou:

The Times-Picayune: Uma de minhas cenas favoritas de "Some Kind of Monster" é quando você recebeu a oferta do Metallica
e o baterista Lars Ulrich informalmente menciona um bônus de US$ 1
milhão no contrato. Você parece que está tentando, primeiro, ter
certeza de que ouviu direito, e segundo, ficar calmo. É isso mesmo?

Trujillo:
"É bem isso. Foi um tanto surreal, para dizer o mínimo. Eu me refiro a
isso como ser pego por um tornado ou o ciclo de lavagem de uma
lavadora, onde sua cabeça está girando e fica tonta. Acabaram de te
pedir para entrar no METALLICA, e eles colocam uma quantidade de
dinheiro interessante para você também. As pessoas sempre me perguntam,
'então onde está o dinheiro?' Bem, depois dos impostos e da hipoteca e
do seguro... Nessa época, eu não era casado e não tinha filhos. Desde
então, estou casado e tive filhos. Muito aconteceu nos últimos cinco
anos desde o momento do milhão de dólares".

The Times-Picayune: Você não entrou só numa banda. Você entrou em uma das cinco maiores bandas do planeta.

Trujillo:
"Basicamente, o METALLICA é uma família imensa. A ética de trabalho é
forte. Não só escrevendo as músicas - isso é sempre. Há muitas
dinâmicas que entram em cada música, liricamente e musicalmente. A
equipe, os empresários, as pessoas que trabalham no fã-clube - existe
muito orgulho no processo todo e em toda a máquina que é o METALLICA.
Todos dão 120 porcento. Mas no fim das contas, é tudo questão de quando
nós pegamos os instrumentos. Especialmente Lars, [o
guitarrista/vocalista] James Hetfield e [o guitarrista] Kirk Hammet -
eles parecem crianças de novo. As piadas começam a disparar e eles
tocam UFO ou Iron Maiden e as histórias aparecem. Você pode estar nesse complexo multi-milionário, mas tudo se resume a se divertir".

The Times-Picayune: Isso é uma das coisas boas de se estar numa banda ou num time de esporte profissional - adolescência prolongada.

Trujillo:
"Isso é verdade, mas com o dinheiro e os negócios, algumas vezes as
coisas mudam. Há bandas que estão por aí há um bom tempo e isso chega
num ponto onde a música nova não é mais relevante; a turnê é baseada no
que aconteceu no passado. Com o METALLICA, não há falta de energia
criativa ou de idéias. Se acontece algo, é no sentido contrário - há
muitas idéias, o que é um grande problema para se ter. As pessoas se
preocupam sobre como o novo álbum vai ficar; ainda é viável. E ninguém
se esgotou do nosso lado. Este álbum é como uma plataforma de
lançamento - estamos empolgados para escrever mais coisas para a
próxima rodada".

The Times-Picayune: Na sua primeira turnê
com o METALLICA, a banda não tocou nada do "St. Anger", o então último
álbum. Nessa turnê, vocês estão tocando muito do "Death Magnetic", o
que implica que a banda está muito mais feliz com este álbum do que com
"St. Anger".

Trujillo: "Basicamente, o material em 'Death
Magnetic' foi desenvolvido com a intenção de que nós o tocássemos ao
vivo. Uma das coisas que Rick Rubin enfatizou para nós foi, 'criem
aquele desejo de novo. Tentem fazer músicas que vocês imaginam tocar em
frente de um público. Tenham aquela atitude e vontade como se vocês
quisessem conseguir um contrato de novo'. Essas músicas são bem
compridas e definitivamente há momentos onde as coisas ficam bem
técnicas. Mas o principal é que elas têm uma emoção de ao-vivo.
Gravamos elas de pé, como se estivéssemos nos apresentando. Não usamos
click na bateria; apenas atacamos as músicas. Aí você tem esses
arranjos elaborados, mas basicamente nós os executamos. E as músicas
tem que agitar. Você tem que ter esse elemento de 'agito' quando você
tenta executar esses números. As músicas em 'St. Anger', por outro
lado, não foram gravadas desse jeito. Elas foram editadas e formatadas
no computador. Essa é uma grande diferença. É por isso que só
trabalhamos com quatro músicas, e acabamos tocando uma ou duas em uma
base consistente. Nos trabalhamos oito músicas de 'Death Magnetic' e
estamos tocando quatro ou cinco".

The Times-Picayune: Qual foi sua contribuição para o processo de composição?

Trujillo:
"Eu estava lá todo dia enquanto estávamos escrevendo e arranjando as
músicas. Não foi uma porta fechada do jeito que foi nos anos
anteriores, onde era, 'OK, dê-nos a sua fita com idéias e nos vemos
daqui a seis meses'. Todas essas idéias que você ouve em 'Death
Magnetic' foram riffs e grooves que nós compusemos fisicamente, então
fundimos e mixamos e combinamos. Uma música como 'Cyanide', por
exemplo. Havia um momento em que Lars e eu estávamos ligados, pensando
como um só. Isso foi inspirador... nós tinhamos ido ver o THE CULT na
noite anterior e estávamos tocando as músicas antigas deles. James
começou a tocar o riff de 'Cyanide' e nós imediatamente nos prendemos
nesse padrão juntos".

"Para mim é importante que Lars e eu
continuemos a nos estabelecer como um time, para o baixo e a bateria se
conectarem. Isso vai ser muito importante para o que vamos fazer no
futuro. Isso é um dos elementos que torna empolgante pra mim, como
baixista, estar no METALLICA. O Metallica
é muito inspirador. Num momento eu estava fazendo aulas de violão
flamenco. Eu mostrei a esses caras um pouco do que estava aprendendo.
Algumas dessas escalas e riffs realmente aparecem nessas músicas. Eles
ficam empolgados com as idéias musicais que vêm de lugares diferentes.
Tanto faz se vem de uma banda semi-clássica como o THE CULT ou de uma
escala de violão flamenco - é tudo música no fim das contas".


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